Mary Ward é considerada como a primeira vítima de um acidente de carro. Mas a definição do que é automóvel e o que era o veículo que a matou há 150 anos suscitam dúvidas sobre a validade desta referência histórica.
Mary Ward, uma mulher cujo passado científico mereceria mais distinção, morreu a 31 de agosto de 1869, há precisamente 150 anos, vítima do que muitos historiadores e amantes do automobilismo consideram como o primeiro acidente automóvel da história.
De férias no castelo do primo William Parsons, aceitou dar uma volta de carro na companhia de mais familiares, pelos arredores da localidade de Parsonstown, atualmente conhecida como Birr, na Irlanda, perto de Dublin, na República da Irlanda.
Ward era uma das passageiras de um carro movido a vapor conduzido por William Parsons, também cientista, astrónomo e entusiasta das novas tecnologias da época. Numa curva, foi projetada para o chão e apanhada por uma das gigantes rodas de aço da viatura.
Um médico das redondezas chegou ao local do acidente em dois minutos, conta a revista "Atlantic", que recorda o sinistro. Encontrou Mary com o pescoço partido, a sangrar dos ouvidos, e o maxilar esmagado pela força da enorme roda de aço da viatura, a exalar o último sopro de vida.
Não é certa a causa do acidente nem quantas pessoas estavam a bordo do veículo, semelhante a um triciclo com uma caldeira a vapor e assente em três rodas, uma mais pequena à frente e duas maiores atrás. Sabe-se, apenas, que o veículo era conduzido por William Parsons, o homem que abriu as portas da ciência à talentosa e entusiasta cientista Mary Ward, e que teria projetado e construído a viatura.
Segundo fontes da família, citadas por aquela revista norte-americana, o carro foi desmantelado depois e, provavelmente, enterrado no pátio do castelo.
O primeiro acidente em quatro rodas
Com quatro rodas, movido a gasolina e com mais semelhanças ao que é um automóvel moderno, um acidente registado 15 anos depois, em 1891, na cidade de Ohio, no Estado com o mesmo nome, nos EUA, figura como um candidato a primeiro sinistro.
Um engenheiro e entusiasta automóvel, James Lambert, conduzia uma das suas invenções, um "buggy" a gasolina, quando passou por cima de uma raiz mais saliente da estrada, de terra batida, e se despistou contra um poste de uma vedação.
O condutor e o pendura, identificado como James Swoveland, sofreram ferimentos ligeiros mas ficaram para a eternidade como candidatos a vítimas do primeiro acidente automóvel de que há registo na história, uma vez que o tipo de veículo que matou Mary Ward suscita dúvidas aos especialistas.
Primeiro condutor vítima de acidente morreu no hospital
O primeiro condutor a morrer vítima de um acidente de viação foi o inglês Henry Lindfield, em 1898. Acompanhado do filho, viajava de Brighton para Londres quando perdeu o controlo do carro numa descida.
Projetado para fora da viatura, embateu numa árvore e depois foi atingido pelo carro, tendo ficado com a perna entalada. Os cirurgiões constataram que a perna estava esmagada do joelho para baixo e decidiram pela amputação. Lindfield nunca recuperou a consciência após a cirurgia e morreu um dia depois do acidente.
Primeira pessoa a morrer atropelada
Motor da revolução industrial, a Inglaterra do fim do século XIX desenvolvia-se a grande ritmo. Com mais e novas máquinas, era uma questão de tempo até o progresso fazer mais vítimas.
Em 1896, Bridget Driscoll foi colhida numa curva, em Londres, por um carro movido a gás, conduzido por Arthur Edsall. Apesar de a viatura ter uma velocidade máxima de 10 quilómetros por hora, nem o condutor viu a vítima nem esta se apercebeu da presença do carro.
Arthur Edsall foi detido, mas a morte acabaria por ser considerada acidental e não chegou a ser julgado. O médico legista que fez a autópsia de Bridget fica para a história como autor de um dos mais cândidos comentários de que há registo. "Espero que este tipo de coisas não aconteça nunca mais".
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