15 Jul 2021 às 10:00 · Última atualização: 15 Jul 2021 · 10 min leitura
15 Jul 2021 às 10:00 · 10 min leitura Última atualização: 15 Jul 2021
A CBA, Companhia Brasileira de Alumínio, controlada pela Votorantim, está na lista de IPOs (Ofertas Públicas Iniciais) deste ano.
A estreia acontece na quinta-feira (15) e levantou R$ 1,6 bilhão, com ação precificada a R$ 11,20.
A empresa afirma que é a única companhia integrada de alumínio do Brasil, atuando desde a mineração da bauxita até a produção de um portfólio completo de produtos primários (lingotes, tarugos, bobinas casters e placas) e transformados (folhas, chapas, bobinas, telhas, perfis extrudados) de alumínio.
Vamos conhecer melhor esta empresa?
A CBA foi fundada em 1941, sob liderança de Antônio Ermínio de Moraes, um dos quatro filhos da família fundadora do grupo. Nasceu com o plano inicial de explorar as jazidas de bauxita da unidade de Poços de Caldas (MG) para beneficiamento em uma fábrica localizada na fazenda Rodovalho, em Mairinque (SP).
Depois, em 1955, foi inaugurada a unidade industrial na cidade de Alumínio (SP), tornando-se o primeiro parque industrial integrado de alumínio do Brasil, segundo a ABAL.
Foi uma das pioneiras na produção de alumínio primário no Brasil de forma integrada, atuando em toda a cadeia. Desde a mineração de bauxita até a produção de produtos primários e transformados, passando também pela geração de energia elétrica.
Após a inauguração da unidade de Alumínio, a empresa iniciou um ciclo de investimentos em ativos de energia próprios. E também na modernização e expansão da capacidade dos ativos fabris, que os levaram a ocupar a posição de liderança na produção de alumínio primário no mercado brasileiro já em 1973, segundo dados da ABAL de participação de mercado.
A CBA possui uma estratégia focada nos segmentos de produtos de alto valor agregado. E é referência internacional, segundo a CRU, na produção de alumínio de baixo carbono e baixo custo de produção.
“Estamos posicionados no 1° quartil da curva global de custo de negócio da indústria do alumínio, segundo a CRU, por meio de um modelo de negócios totalmente integrado na cadeia de valor”.
A autossuficiência em bauxita e alumina e a capacidade para suprir praticamente a totalidade do consumo de energia elétrica por meio de um portfólio proprietário de ativos de geração de energia renovável garantem alta competitividade em custos e flexibilidade no mix de produtos ofertados para se ajustar a diferentes dinâmicas de mercado.
O início da cadeia integrada da CBA se dá pela mineração de bauxita.
A empresa possui hoje três unidades para essa etapa, localizadas em Barro Alto (GO), Zona da Mata (MG) e Poços de Caldas (MG), garantindo a autossuficiência no suprimento do minério para a produção do alumínio por um período acima de 20 anos, segundo relatório da consultoria SRK.
A bauxita é então transportada por ferrovia até a unidade industrial localizada em Alumínio (SP), planta totalmente integrada desde o processamento da bauxita até a fabricação de produtos primários e transformados no mesmo local, que além de próxima da mineração, está estrategicamente posicionada para atender à região Sudeste do Brasil, principal polo consumidor de alumínio do país e cujas vendas representaram 83% da receita do segmento de alumínio da Companhia em 2020.
A empresa tem também duas outras plantas industriais complementares:
Outro fator chave na competitividade de custos para a produção de alumínio é a capacidade da CBA para atender praticamente a totalidade da sua demanda por energia elétrica, garantida por meio de 21 usinas hidrelétricas localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, totalizando 1,4 GW de capacidade instalada 100% renovável.
A empresa tem ainda um parque eólico em construção no Nordeste, com capacidade de 150MW. Além de projetos em análise que, se executados, poderiam gerar até 520MW adicionais.
“Os elementos acima nos posicionam como o único player do Brasil com integração vertical, e extremamente competitivo em custos, alocado no 1° quartil da curva global de custo de negócio da indústria do alumínio”, afirma a empresa.
Dentre os principais mercados atendidos pela CBA estão: construção civil, embalagens, transportes, bens de consumo, fios e cabos e automóveis.
O processo de produção integrado de alumínio exige uma combinação de ativos de mineração, industriais e de geração de energia.
Os pontos no mapa abaixo indicam a existência de um ou mais dos ativos segundo a legenda de cor. A CBA também possui participação acionária de 10% na MRN (maior produtora de bauxita das Américas com capacidade de produção de 12 milhões de toneladas por ano) e de 3% na Alunorte (maior produtora de alumina do mundo com capacidade de produção de 6 milhões de toneladas por ano). Com isso, a empresa tem direito a um percentual de produção equivalente à sua participação acionária nessas empresas.
A fábrica de Alumínio (SP) é o principal ativo industrial da CBA. A unidade se beneficia da integração, operando no mesmo site desde a refinaria de alumina até a fabricação de produtos transformados de alumínio, minimizando custos logísticos e excluindo a necessidade de refusão do alumínio.
As capacidades produtivas anuais das diversas etapas da produção da fábrica de Alumínio (SP) estão descritas abaixo:
Essa unidade foi responsável por 83% das vendas de alumínio da CBA em 2020.
Além do histórico de crescimento orgânico, a CBA também avaliou oportunidades de aquisição estratégicas ao longo de toda a cadeia de alumínio.
Assim, a empresa realizou a aquisição da Metalex, unidade industrial de reciclagem de alumínio em Araçariguama em 2010.
E, mais recentemente, a aquisição da planta de laminados da Arconic em Itapissuma em 2020.
A empresa acredita possuir uma tese de investimento sólida, pautada em:
A CBA reverteu o lucro líquido de R$ 54 milhões em 2018 para um prejuízo líquido de R$ 34 milhões em 2019. Em 2020 o prejuízo saltou para R$ 879 milhões.
A companhia somou Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 661,8 milhões em 2020. Ou seja, valor menor do que os R$ 988 milhões de 2019 e os R$ 978 milhões de 2018.
A margem Ebitda ajustada passou de 18,1% (2018) para 18,8% (2019) e 12,2% (2020).
A receita líquida da empresa variou de R$ 5,41 bilhões em 2018 para R$ 5,26 bilhões em 2019 e R$ 5,41 bilhões em 2020.
O pedido de IPO da CBA foi protocolado na CVM em maio de 2021.
A empresa fará uma oferta primária de ações.
Os recursos serão usados para tirar do papel vários projetos da CBA, principalmente na geração de energias renováveis. Hoje, com geração hidráulica, a empresa tem 100% de geração própria, mas muitas concessões têm vencimento dos contratos próximos.
A empresa pretende focar também em comprar outras companhias, por meio de fusões e aquisições (M&A).
A oferta é liderada pelo Bank of America (BofA). As demais instituições são XP, BTG Pactual, Citi e Banco do Brasil.
A companhia tem como principais pilares de sua estratégia:
A empresa calcula que empregará R$ 2 bilhões entre 2023 e 2025. O objetivo é montar uma unidade de produção de 4,5 milhões de toneladas de bauxita por ano no Pará.
Por Felipe Alves e Claúdia Zucare